Via-se ao longe o sol caindo vagamente no mar através da névoa a cada dia mais presente que vinha a arrefecer o Verão. Os bancos de nevoeiro chegavam sem aviso para quem não se entregasse à contemplação do horizonte. Partiam após uma hora, duas ou três, deixando entregues ao sol as searas, a areia e as ruas brancas. Nas arribas ainda se conseguia sentir o odor das estevas e das ervas rasteiras, povoadas a espaços por garrafas de agua vazias, de plástico distorcido e transparente, por restos de jornais e papeis sujos e sacos, por flores de jarros sobreviventes das ribeiras de Março, tudo coberto de poeira fina retirada lentamente à arriba e de sal arrancado ao mar pelo vento em finas gotas de maresia.
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